Cirurgia

Para uma grande parte da população, a cirurgia da coluna está associado a um misticismo e um grande cepticismo. Pois nada mais errado! Com o devido treino, equipamento, método e, acima de tudo, uma correcta indicação cirúrgica, esta cirurgia pode beneficiar alguns pacientes.

Abordagem Lombar PosteriorA cirurgia da Coluna é uma solução reservada para casos concretos e bem definidos. É um compromisso entre o efeito terapêutico e as sequelas que em maior ou menor intensidade deixa sempre. Consiste nas seguintes técnicas clássicas usadas isoladamente ou, mais frequentemente, em combinação:

  • Fusão ou Artrodese : consiste na união óssea entre duas ou mais vértebras de forma a estabilizar definitivamente a área. Provoca rigidez absoluta da área operada e potencial sobrecarga das áreas acima e abaixo da fusão.

  • Discectomia: consiste na remoção do disco entre as vértebras com o fim de remover a herniação do mesmo e resolver a dor da "compressão" da raíz do nervo. Isolada provoca colapso do espaço entre as vértebras e instabilidade.

  • Descompressão: a degeneração condiciona um estreitamento do canal vertebral, diminuindo o espaço disponível para as estruturas neurológicas. A descompressão é o alargamento do espaço do canal vertebral (por laminectomia, corporectomia, apofisectomia e/ou artrectomia). Isolada provoca instabilidade.

  • Osteossíntese: aplicação de material (geralmente metálico) na coluna vertebral de modo a estabilizá-la, criando condições para ocorrer fusão vertebral (artrodese) e/ou consolidação de fracturas. De entre outros, usam-se barras, parafusos, ganchos, cabos, placas, etc. Erradamente designada por "Instrumentação" (toda a cirurgia utiliza "instrumentos"!).

  • Osteotomias e correcção de deformidades: cirurgias que associam um conjunto de técnicas que possibilitam a correcção de deformidades angulares da coluna como seja a escoliose. O Serviço tem um protocolo de colaboração o Hospital de San Joan Deú de Barcelona para o tratamento destes pacientes.

Caixas Cervicais

Radiograma Caixas Cervicais

 

Cirurgia Escoliose - Costoplastia

Devido aos inconvenientes destas técnicas, foram sendo desenvolvidas outras com menor agressividade, caracterizadas por poderem ser feitas com pequenas incisões na pele - as técnicas minimamente invasivas para diagnóstico e tratamento:

  • Discografia: injecção de produto de contraste no disco para análise do mesmo ao Rx.

  • Retrações ou Coagulações discais: intervenções sobre o disco utilizando meios físicos ou químicos.

  • Punções-Biópsias: para diagnóstico de lesões vertebrais.

  • Micro-descompressões

  • Vertebroplastia e "Cifoplastia": consistem na introdução de substância consistente ("cimento") ou osso no interior do corpo vertebral para o estabilizar

  • Infiltração e bloqueio facetários: consiste na injecção de substâncias anestésicas e anti-inflamatórias nas articulações entre as vértebras

  • Bloqueio epidural foraminal supra-selectivo percutâneo: consiste na injecção de substâncias anestésicas e anti-inflamatórias na periferia das raízes dos nervos espinhais

Esta área tem tido, nos últimos anos, uma evolução tecnológica promissora e constitui um grande investimento por parte do Serviço de Ortopedia. No entanto não constitui uma panaceia e, como qualquer cirurgia, tem as suas indicações formais.

 

Punção Vertebral

Infiltração-Bloqueio Vertebral

Vertebroplastia

Complicações imediatas: de entre as mais relevantes refiram-se a infecção, lesão de estruturas neurológicas (como sejam a medula e raizes), fissuras da dura máter (com perda de líquido cefalo-raquidiano), bem como o insucesso terapêutico por insuficiente descompressão ou alinhamento. Estas são, na sua maioria, passíveis de prevenção, tratamento e correcção, de modo a evitar sequelas nefastas ao paciente.

Complicações tardias: a pseudartrose (ausência de fusão) e a instabilidade segmentar são sede de dor e incapacidade importantes, sendo prevenidas por uma correcta indicação e técnica adequada. A rigidez é o resultado inevitável de toda a fusão, podendo ocorrer sobrecarga das articulações acima e abaixo da mesma, especialmente se o paciente não cumprir preceitos de protecção da coluna.

No nosso Serviço utilizamos a cirurgia clássica para casos traumatológicos e degenerativos graves bem documentados e justificados, combinando quase sempre a descompressão com a instrumentação e fusão, procurando sempre evitar a instabilidade, sede das sequelas mais importantes.

Para a maioria dos casos de patologia vertebral com ou sem envolvimento radicular de origem circunscrita optamos pelas técnicas minimamente invasivas, geralmente com bons resultados, com contra-indicações mínimas, practicamente sem sequelas e, se necessário, facilmente repetíveis.